Entrevista Derby! Francisco Serra recorda época especial como treinador… e jogador do GRUDER

Na primeira época completa enquanto treinador de uma equipa sénior, Francisco Serra liderou a equipa ‘B’ do GRUDER no Campeonato Distrital de Santarém, conduzindo a turma da Ribeira do Fárrio à condição de melhor formação do Concelho de Ourém em prova, estatuto reforçado com a conquista da 1.ª edição da Taça Ourém Futsal. Em entrevista exclusiva ao Derby, o treinador passa em revista uma temporada especial, marcada igualmente pelo regresso à competição enquanto jogador e logo na 3.ª Divisão Nacional, pela equipa principal do GRUDER. Com a extinção da equipa ‘B’, tem em mãos um convite para jogar pela formação principal e assumir o comando de uma equipa dos escalões de formação.

Entrevista Derby com… Francisco Serra

Derby – Foi a sua primeira experiência como treinador principal de uma equipa sénior. Como surgiu o convite do GRUDER e por que decidiu aceitar?
Francisco Serra – O convite surgiu por parte do mister Marco Lebre, que me contactou com o intuito de ser treinador-adjunto no plantel principal e assumir o comando da equipa ‘B’, de modo a evoluir os atletas e prepará-los para uma eventual transição. Apesar de não ter sido a minha primeira experiência como treinador principal numa equipa sénior (GARECUS – 2020/21), e de na altura ter uma outra proposta muito boa, o principal motivo para ter aceite o convite foi a possibilidade de trabalhar, pela primeira vez, uma equipa desde início, implementando mais rigorosamente as minhas ideias. Estar também presente na equipa técnica inserida numa competição nacional, também foi um fator decisivo.

Derby – O GRUDER viveu uma época muito especial, num contexto diferente em que a presença inédita da equipa principal na 3.ª Divisão Nacional levou à criação de uma equipa ‘B’, maioritariamente composta por jovens formados nos escalões juvenis do clube. O facto de ter um plantel substancialmente mais jovem que o dos rivais foi um obstáculo para o treinador?
Francisco Serra – Foi e não foi. A nossa maior dificuldade esta época foi claramente a inexperiência dos jogadores, principalmente contra equipas mais “batidas”. A necessidade de saber quando acelerar o jogo ou pautá-lo mais, de saber quando temos de estar mais na expectativa e não a pressionar alto, etc. No entanto em termos de trabalho, foi muito fácil gerir porque tive a sorte de o plantel ter imensa qualidade e, muito mais importante, vontade de melhorar e fazer bem, o que por vezes não se encontra quando se tem jogadores mais velhos.

Derby – Mesmo assim, o GRUDER ‘B’ acaba o Campeonato no 6.º lugar, à frente dos outros três clubes do Concelho, com o estatuto de melhor equipa oureense em prova. É simbólico, mas não deixa de ser importante, não?
Francisco Serra – Sendo sincero, nunca pensámos nisso. Ficámos à frente das equipas de Ourém, mas apenas ganhamos ao Vale Travesso nas duas voltas, por isso é que se torna um pouco irrelevante em falar em ser a melhor. Conseguimos, sim, ser mais regulares e demonstrar qualidade semana após semana. O nosso maior prémio foi acabarmos na primeira metade da tabela com a equipa mais jovem, o que demonstra um futuro promissor para o clube e para estes atletas.

 

O nosso maior prémio foi acabarmos na primeira metade da tabela com a equipa mais jovem, o que demonstra um futuro promissor para o clube e para estes atletas.

 

Derby – Além disso, terminaram a temporada com a conquista da primeira edição da Taça Ourém Futsal. Qual a importância desta vitória e que papel pode ter um torneio destes para o desenvolvimento da modalidade no Concelho?
Francisco Serra – A vitória no torneio foi o culminar de uma época excelente e com os jogadores a terem o devido protagonismo e reconhecimento, algo que nem todos lhes reconheciam, mas que ficaram a saber do que eram mesmo capazes. Vencemos o torneio apenas permitindo um empate, com o melhor ataque e o melhor marcador e ainda com um espírito de grupo invejável. Foi perfeito! Em relação ao torneio, é uma excelente ideia para promover não só o futsal no distrito, mas também para fazer evoluir a modalidade na região. Todos os jogadores e treinadores conhecem-se, e quem se conseguir adaptar melhor e evoluir mais rapidamente vai ter mais sucesso nas competições oficiais.

O GRUDER ‘B’ foi 6.º classificado entre as 13 equipas do Campeonato Distrital, competindo apenas com jovens formados no clube

 

Derby –  Tendo em conta as características e o contexto muito especial da sua equipa, é uma classificação que o deixa satisfeito e realizado enquanto treinador?
Francisco Serra – Não tenho muito que dizer de negativo em relação a esta época, pois não podia ter pedido muito mais aos meus jogadores do que aquilo que eles deram. A classificação não deixa muitas surpresas em relação a todos os lugares, dada a qualidade das equipas. Era algo inconcebível, exigir a uma equipa tão jovem para se bater de igual para igual com a equipa d’ Os Patos ou do São Vicentense, que na minha opinião foram as duas mais fortes e as únicas contras as quais não conseguimos discutir os jogos até ao fim. No entanto, todos os outros jogos foram disputados até ao fim, o que mais uma vez demonstra bem o qualidade da equipa que era dada no início como a mais fraca do campeonato.

Contudo, o que me orgulha mais neste fim de época foi a evolução que praticamente todos os atletas apresentaram, com a presença de alguns deles no plantel principal e a responderem bem perante maiores exigências. Isso para mim é o que mais me deixa realizado enquanto treinador.

 

O que me orgulha é a evolução que praticamente todos os atletas apresentaram, com a presença de alguns deles no plantel principal e a responderem bem perante maiores exigências. É o que mais me deixa realizado enquanto treinador

 

Derby – Quais foram os pontos fortes da sua equipa e aqueles onde não esta não conseguiu estar tão bem?
Francisco Serra – O nosso ponto mais forte esta época foi o colectivo. A vontade, a solidariedade, a entrega de todos os atletas seja em treinos e jogos, o querer aprender, evoluir e melhorar, foi o nossa maior força para termos alcançado estes resultados. Em termos táticos fomos sempre muito perigosos nas bolas parada, na intensidade defensiva e nos confrontos 1×1 raramente perdíamos um lance. Em termos individuais tenho de destacar o Rafael Marques que começou a época como terceiro guarda-redes da equipa principal e que na equipa ‘B’ sempre que foi uma parede intransponível, jogando quase sempre uma parte em que a equipa sofreu poucos golos.  Para mim, claramente o melhor guarda-redes deste campeonato.

Por outro lado, a inexperiência, como já referida, foi a maior dificuldade assim como a discrepância técnica, tática e psicológica que se acentuou na fase final da época, dada a falta de minutos para alguns jogadores, que no seu escalão (juniores) teriam muitos minutos e poderiam ter evoluído mais, mas que nos seniores não conseguiram acompanhar os que já estavam melhor preparados para esse salto.

Derby –  A certa altura, a época tornou-se ainda mais especial para o mister, pois além de ceder vários jogadores à equipa principal, também foi chamado a dar o seu contributo em campo. Pode contar aos leitores do Derby como surgiu esta oportunidade?
Francisco Serra – Após a saída do mister Marco e com a entrada do mister Hélder, e uma vez que já estava mais afastado das minha funções técnicas na equipa principal e focado apenas na equipa “B”, foi conversada essa possibilidade com intuito de dar algo diferente à equipa e algo que a equipa estava a necessitar. Uma das maiores dificuldades notadas desde início, era a falta de um fixo de raiz que conseguisse orientar e controlar o jogo dentro de campo, com capacidade de desequilibrar através do passe, algo que se enquadra nas minhas capacidades enquanto jogador. Após umas semanas de treino para ganhar algum ritmo e para ver se encaixava bem na equipa, fui inscrito e penso ter dado um bom contributo.

 

De volta à quadra? Uma das maiores dificuldades notadas desde início, era a falta de um fixo de raiz que conseguisse orientar e controlar o jogo dentro de campo, com capacidade de desequilibrar através do passe, algo que se enquadra nas minhas capacidades enquanto jogador

 

Derby – Como é que se sente mais útil: como treinador ou jogador?
Francisco Serra – Ser treinador é algo com que sempre sonhei e estou determinado em investir para ir o mais longe possível. Ainda sou jovem, tenho muito para aprender, mas também já tracei alguns objectivos e tenho alguns treinadores que sigo como modelo que me fazem querer ser igual ou melhor. Contudo e apesar de nos últimos três anos ter deixado “o jogador” mais de parte para me dedicar a evoluir como treinador, sinto que ainda tenho capacidade para jogar a um bom nível.

Derby Já foi contactado pelo GRUDER no sentido de prolongar a ligação ao clube?
Francisco Serra – Já fui contactado para continuar a trabalhar na formação e para fazer parte do plantel sénior da próxima época. No entanto, ainda nada é certo…

Derby –  Complete a frase: as equipas treinadas por Francisco Serra caracterizam-se por…
… pela intensidade defensiva, pelo rigor tático e reconhecimento das virtudes e fraquezas próprias.

Francisco Serra elogiou a evolução de Rafael Marques: “Foi o melhor guarda-redes deste campeonato.”
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