Inédito. Histórico. Soberbo. Incrível. É difícil encontrar objetivos para qualificar o que acaba de alcançar o Centro Desportivo de Fátima. Pela primeira vez na sua história, os grenás colocam três equipas da formação nos escalões nacionais e consolidam o estatuto de entidade formadora de excelência, a nível local e regional.
A iniciados e juvenis, juntam-se os juniores, recém-sagrados campeões da 1.ª Divisão Distrital da AF Santarém. Três equipas nos campeonatos nacionais do respetivo escalão, a partir da próxima temporada, sem esquecer a cereja no topo do bolo: os seniores acabam de conquistar a 2.ª Distrital, subindo à 1.ª com um plantel construído à base de jovens formados no clube.
Perante a solenidade do momento, o Derby partiu em busca do segredo do sucesso. Fomos aos bastidores da Academia Padre António Pereira, conversámos com os seus responsáveis e damos a conhecer as linhas mestras da formação grená.
Fomos recebidos por Bruno Neto, um oureense da Aldeia Nova, que é responsável pelo futebol de formação do CD Fátima há quatro temporadas. Perguntámos sobre os requisitos fundamentais para vestir o manto grená… e fomos surpreendidos pela pedagogia da resposta.
“Os miúdos não vêm para cá para serem campeões! Vêm para se formarem enquanto homens com valores. Essa é a chave da nossa filosofia. Os resultados não são prioritários e os nossos jogadores sabem desde cedo que não vale tudo para ganhar”, explica-nos Bruno Neto, coordenador técnico do Centro Desportivo de Fátima, numa entrevista exclusiva para ler aqui.
Bruno Neto acaba de passar a pasta, encerrando um ciclo que coincidiu com a sua terceira passagem pelo clube. “Tendo em conta o perfil e a forma de estar da pessoa que vai assumir o cargo, acredito que a maneira de trabalhar do clube não vai sofrer grandes alterações”, considera.
Anos incríveis
Sob a tutela de Bruno Neto, o Centro Desportivo de Fátima colocou as três equipas principais dos escalões do futebol juvenil aos campeonatos nacionais. Trata-se de uma proeza inédita a nível concelhio e rara na esfera regional.
“Colocar iniciados, juvenis e juniores nas provas nacionais, em simultâneo, foi um objetivo que assumi desde o primeiro dia neste cargo. Conseguir este objetivo em tão pouco tempo? Se calhar não estava bem ciente disso…”, confessa, orgulhoso.
“Defendo a formação de jogadores de uma forma quase separada da obrigatoriedade de atingir resultados. O que acabámos de atingir, é a prova de que as coisas funcionam. Com a organização que temos – e não é fácil encontrar uma organização como estas em qualquer clube – os jogadores gostam de estar cá e os melhores também querer vir para cá. A juntar a tudo isto, temos um naipe de treinadores muito bom, do melhor. Portanto, acabou por ser fácil alcançar estes feitos”, assume o coordenador técnico.
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“Nunca viram um clube tão bem estruturado como o CD Fátima”
Rui Nobre, vice-presidente do Centro Desportivo de Fátima e responsável pelo pelouro da formação, acredita que não há razões para alterar a filosofia, muito menos a forma de trabalhar instituída ao longo dos últimos anos.
“Temos aqui vários jogadores que já passaram por outros clubes, inclusive a nível nacional, cujos pais nos dizem que nunca viram um clube tão bem estruturado como o CD Fátima”, garante Rui Nobre, orgulhoso pelo alto nível organizacional a que o clube chegou.
A importância de saber lidar com os pais
O Derby conversou igualmente com Pedro Gil, diretor da Entidade Formadora e responsável pelo processo que resultou no estatuto de um dos únicos dois clubes do Distrito de Santarém com 4 estrelas atribuídas pela Federação Portuguesa de Futebol (e o outro também é do Concelho de Ourém: Clube Desportivo Vilarense).
“O segredo do sucesso tem realmente a ver com a qualificação dos treinadores”, considera Pedro Gil, detalhando: “É uma condição essencial. Nada tenho contra o típico treinador que é treinador só porque foi jogador e depois tirou o curso. Nada. Só que considero que é bem diferente para melhor, quando temos alguém que fez formação superior na área do desporto e ou da educação. Porquê? Porque tem conhecimentos de disciplinas como pedagogia, de psicologia, entre outras. Sabem lidar com os miúdos e também sabem lidar com os pais. E isto é muito importante! Se um clube conseguir manter os pais satisfeitos, é meio caminho andado para evitar aqueles problemas que não servem para nada e que não nos levam a lado algum. Aqui, os pais confiam em nós.”
Um coordenador na pele de diretor de turma
Tal como na maioria dos clubes, Pedro Gil assume episódios de insatisfação protagonizados por alguns pais mais descontentes, mas garante que a diferença está na forma como o CD Fátima gere cada caso.
“Naturalmente que também temos cá pais descontentes. Isto não é um regime militar, mas é um centro de formação. Há uma hierarquia que tem de ser respeitada. Quando um pai está descontente, não chega aqui e vai disparatar com o treinador. Nada disso. Se há insatisfação, ela é manifestada junto do nosso coordenador, que atua como um filtro. Se a coordenação não conseguir resolver o problema, entra em campo a direção. Mas o treinador nem é chamado ao caso. É como nas escolas. Se um pai tem um filho que não esteve bem a matemática, esse pai vai falar com a diretora de turma e não com o professor de matemática. Aqui, o nosso diretor de turma é o coordenador”, explica.
“Não queremos jogadores contrariados”
Pedro Gil assume que outro dos segredos do sucesso fatimense está na motivação dos atletas. “Não queremos jogadores contrariados. Se um atleta não está bem, a equipa também não fica bem, nem o próprio treinador. Quando um jogador nos diz que não se sente aqui bem e quer ir embora, recorremos ao nosso departamento de psicologia, que avalia a situação. Se não houver outra maneira, passamos a carta e deixamos sair. Não dificultamos a vida aos jogadores, ao contrário de alguns clubes”, garante, reforçando: “Infelizmente, nem todos os clubes procedem de igual forma. No nosso caso, ficamos muito contentes quando outros clubes dos nacionais vêm cá buscar jogadores. É um sinal de que estamos a trabalhar bem. Por isso, custa-me compreender que os clubes que estão num patamar competitivo inferior, dificultem a vida aos miúdos que querem vir jogar para cá.
A cereja no topo do bolo
A consagração do Centro Desportivo de Fátima enquanto campeão distrital da 2.ª Divisão mais não é que a prova cabal do trabalho de excelência que é realizado na Academia Padre António Pereira.
“Fomos campeões com um plantel praticamente composto por jogadores da formação. Aliás, só dois jogadores não passaram pelos escalões de formação do Centro Desportivo”, garantem Pedro Gil e Rui Nobre, satisfeitos e realizados com a concretização de um objetivo assumido pela direção do clube, desde a primeira hora em que foi deliberada a reativação da equipa sénior.
Fé no futuro… sem contos do vigário
Longe dos tenebrosos tempos em que a propalada SAD do CD Fátima manchou a imagem do clube, os grenás respiram agora saúde e encaram o futuro com otimismo.
Os campeonatos profissionais voltam a estar na mira, mas respeitando um dever sacramental: formar homens com valores, sem abdicar de uma gestão financeira rigorosa e capaz de garantir o futuro deste emblema cinquentenário.
“O projeto do CD Fátima passa, essencialmente, pela formação. Queremos que os miúdos continuem a sentir o clube mesmo quando vão formar-se academicamente longe daqui. É perfeitamente normal que saiam do clube e da cidade para prosseguirem os estudos e a formação académica. E o ideal é que voltem quatro anos depois, já licenciados. O CD Fátima cá estará para os receber com todo o gosto, e integrar na equipa sénior, se for o caso. Aliás, a nossa equipa sénior deste ano, tem muitos casos de jogadores que foram formados neste clube, mas estiveram sem competir vários anos e só voltaram porque reativamos o futebol sénior”, conclui Pedro Gil.
Do triplete nos nacionais ao título na Distrital. Fátima é escola de formação com nota de excelência
Pais insatisfeitos!!!!!! Clube de excelência!!!!!!!!!??????
Pois eu tenho muito para dizer, mas na altura certa, vou efetuar diligencias, vou juntar documentação e no momento certo irei dizer o que me vai na alma. Para já dizer que o meu filhote afastou-se do grupo de trabalho (juniores) por causa de ser vitima de bullying, primeiro foi ameaçado por 2 ou 3 atletas, depois num outro momento, foi cuspido na cara por um outro e estamos a falar de jogadores da mesma equipa.
O que foi feito depois disso? Desconheço, nunca ninguém me comunicou nada, o meu filhote que é um miúdo pacifico e tranquilo, nunca se meteu com ninguém, mas a inveja é tramada. Há muito para dizer, mas por enquanto fica guardado. Contudo, perante vários acontecimentos, o meu filhote, resolveu afastar-se no final do campeonato de juniores, foi prometido que o meu filho recebia a medalha de campeão de juniores, quando fosse entregue com os outros atletas. Não foi, nem sequer um telefonema, nada. Foi necessário ligar para o Vice- presidente Pedro Gil que informou que a Associação não tinha medalhas para todos e que assim que as tivessem, entraria em contacto. Vou aguardar, vou esperar, se calhar sentado.