A Associação de Futebol de Santarém (AFS) já comunicou aos clubes envolvidos quais os emblemas qualificados para a pré-eliminatória da Taça do Ribatejo. Nesse patamar, vão competir as 16 formações inscritas no Campeonato Distrital da 1.ª Divisão e as 10 equipas apuradas pela fase de grupos. Entre elas, o Clube Desportivo Vilarense, vencedor inequívoco da Série 2. O Vasco da Gama está fora da competição; o Centro de Cultura e Desporto de Caxarias… também, vendo ruir a esperança de poder seguir em frente.
Ao contrário do que o Derby escreveu, o Caxarias não conseguiu apurar-se para próxima fase, não obstante o facto de ter terminado com mais pontos do que aqueles que acabaram cotados como os melhores segundos classificados. É pelo menos este o entendimento dos responsáveis associativos.
A esperança do Caxarias residia na eventualidade de serem descontados, a todas as equipas, os pontos conquistados diante do último classificado da série respetiva. Debalde: apesar do regulamento não ser claro (nem pouco, mais ou menos), a AFS entende que os primeiros classificados de cada grupo são automaticamente apurados, não entrando, por isso, nas contas finais no que toca à subtração de pontos.
A leitura da AFS é legítima. Só que a de clubes como o Caxarias, também: isto porque, em parte alguma do regulamento está estabelecido que o vencedor do grupo passa automaticamente à pré-eliminatória. E era aqui que o Caxarias sustentava a sua ambição de seguir em frente.
Isto porque, se todas as equipas, vencedores de grupo incluídos, entrassem no critério da subtração de pontos conquistados perante o último classificado, o Caxarias vencia a Série 3, com 4 pontos.
Problema resolvido: a partir do momento em que o 1.º classificado é apurado automaticamente, o Tramagal deixa de perder os 3 pontos conquistados perante o Vasco da Gama (último deste grupo). Pior ainda para o Caxarias: cai definitivamente para o 3.º lugar, com os mesmos 4 pontos do Marinhais, mas em desvantagem perante este adversário… porque perdeu nos penáltis, outro critério de desempate obrigatório na fase de grupos, mesmo quando os jogos não terminam empatados.
Face ao exposto, a Associação de Futebol de Santarém considera o Caxarias como o 3.º classificado da Série 3. Só depois se parte para a análise e apuramento dos quatro melhores segundos classificados, onde o Centro de Cultura e Desporto já não entra.
Neste cenário, apuram-se União de Almeirim (Série 2, com 3 pontos, depois de descontados os obtidos face ao lanterna vermelha), Moçarriense (pela Série 4, com 3 pontos), Atalaiense (Série 6, 3 pontos) e Pontével (Série 4, 1 ponto). Ficam de fora os outros dois segundos classificados, chumbados pela matemática: Marinhais (Série 3, 1 ponto) e Quimera Talento (Série 1, 0 pontos).
Forense (Série 1), Vilarense (Série 2), Tramagal (Série 3), Porto Alto (Série 4), Riachense (Série 5), Rebocho (Série 6) passam por terem vencido as respetivas séries, sem serem sujeitos ao critério da subtração de pontos eventualmente obtidos diante dos últimos classificados.
O que diz o regulamento das competições organizadas pela AFS, no que toca à prova em questão e à situação em apreço.
“A Taça do Ribatejo será realizada em duas fases: Primeira Fase: Será realizada exclusivamente para as equipas participantes no Campeonato Distrital II Divisão, em séries de 4 no máximo e preferencialmente, e a anteceder o referido Campeonato Distrital.
As séries serão constituídas através da realização de sorteio, sem qualquer
condicionalismo.
Se porventura as séries forem compostas por número de equipas diferentes e para o
apuramento para a 2.ª fase nas series de 4 participantes, não serão considerados os
resultados obtidos com o último classificado de cada uma destas séries de 4,
permitindo assim qualificar para a 1ª eliminatória (pré-eliminatória) o número de
equipas necessárias, a partir do 2º classificado inclusive.”
Sendo dúbio, o regulamento permite várias interpretações. Daí que a incerteza alastre à maioria dos clubes, época após época. Contactada por alguns clubes, a AFS respondeu esta terça-feira, comunicando oficialmente os clubes apurados e justificando os critérios que levaram à qualificação dos quatro melhores segundos classificados.
Memória futura 1: tendo em conta a qualificação automática dos vencedores de cada série, mesmo que tal não seja claro e evidente na letra dos regulamentos, é fácil partir para a definição dos melhores segundos classificados.
Primeiro passo: estabelecer a classificação final, tal e qual ela é, limpinha, limpinha, com todos os pontos conquistados por cada clube, sem tirar nem pôr. Deste modo, ficam imediatamente apuradas as seis equipas que venceram as respetivas séries;
Segundo passo: Definir os quatro melhores segundos classificados. E agora sim, entra o critério que obriga a cortar nos pontos obtidos diante do lanterna vermelha de cada série. O Caxarias não chegou sequer a esta parte…
Resumo da matéria: o Centro de Cultura e Desporto de Caxarias termina a fase de grupos com 4 pontos, mas fora do lote de apurados. Por quê? Repetimos: precisamente porque perdeu nos penáltis com o Marinhais. Se tem ganho nesse critério de desempate, passava entre os melhores 2.º classificados, graças aos tais 4 pontos.
O Marinhais também termina a fase de grupos fora da Taça do Ribatejo. Por quê? Porque, apesar de ter acabado no 2.º lugar da Série 3 (graças à tal vitória sobre Caxarias nos penáltis), ficou sem os 3 pontos conquistados ao Vasco da Gama, precisamente por terem sido alcançados diante do último classificado. Simplificando: à luz das contas dos melhores segundos, o Marinhais ficou com a apenas 1 ponto, tal como o Pontével, só que este levou a melhor noutros critérios de desempate e seguiu em frente
Mão na consciência: o Derby errou. O Centro de Cultura e Desporto de Caxarias está fora da Taça do Ribatejo, porque foi considerado 3.º classificado da Série 3. Afinal, os vencedores de cada grupo passam diretamente, mesmo que tal não esteja escrito no regulamento. As nossas desculpas aos leitores e aos clubes envolvidos.
Memória futura 2: justos, desadequados, ideais ou obsoletos, os regulamentos são aprovados pelos clubes, em assembleia geral devidamente agendada para o efeito. A Associação de Futebol de Santarém não passa nem veta seja o que for, sem a aprovação da maioria dos clubes. Problema: grande parte dos clubes continua a optar por não se fazer representar nas tais assembleias, o que faz com que os regulamentos sejam frequentemente aprovados sem que a maioria dos clubes tenha voto na matéria, ou sequer conhecimento da mesma.