Derby molhado é derby abençoado! Vilarense e Vasco da Gama jogaram 90 minutos e uns pozinhos sob um verdadeiro dilúvio, com chuva de golos na 1.ª parte e muita luta na segunda metade.
A história deste Derby de Ourém começou a escrever-se logo aos 7 minutos, quando Hugo Costa fugiu pela esquerda, aproveitando um buraco na defesa contrária e beneficiando… da lesão de um adversário. Samu bem tentou dobrar os companheiros, mas a perna cedeu e Hugo Costa ficou com caminho livre para bater Ricardo Henriques.
Vilarense na frente e dupla contrariedade para o Vasco: além do golo sofrido, Tiago Silva foi obrigado a mexer na defesa, substituindo Samu por Gustavo Branco.
O primeiro golo animou (ainda mais) o jogo e as oportunidades sucederam-se. Felipi Rigoleto ficou perto do 2-0, aos 13’: fugiu pela direita, entrou na quina da área, mas o guardião Ricardo não lhe perdoou um toque a mais na bola, estendendo-se ao comprido para a recolher.
Dois minutos depois, a primeira grande oportunidade para o Vasco da Gama: Rui Miguel abriu à esquerda, Miguel Santos recebeu, foi para cima dos adversários e assistiu Rodrigo Reis, que só não tentou empate porque o guardião Tiago Motta mergulhou para lhe tirar o pão da boca com uma palmada suficiente para evitar que a bola caísse nos pés do 31.
Quem não marca sofre? Há dias assim. O Vasco não conseguiu anular a vantagem e o Vilarense foi rápido a cavar o fosso. Corria o minuto 19 quando Marcelo Almeida pintou uma assistência perfeita para Sidnei Rigoleto pentear o 2-0. Canto na direita, Pintas na conversão e cabeçada certeira de Sidnei para a festa na bancada.
O 2-0 deixou o Vilarense satisfeito e o Vasco da Gama… atónito. A formação da casa tirou o pé do acelerador, mas os visitantes continuavam sem reação. E nem quando um penalty lhes caiu do céu conseguiram reentrar na discussão pelos 3 pontos.
Tiago Motta cometeu falta sobre Miguel Santos, no interior da área vilarense. Bem colocado, Tiago Ramos assinalou penalty. Miguel Santos pegou na bola e não facilitou: fez o 2-1, aos 33 minutos, trouxe a bola até ao meio-campo, dedicou o golo aos adeptos, puxou pelos companheiros… e gritou com desilusão. É que a bola foi ao meio campo e só parou… dentro da baliza de Ricardo Henriques.
Sidnei não vacilou perante a apatia generalizada entre os visitantes. Irrompeu área dentro e fuzilou Ricardo Henriques, perante a estupefação do adeptos vascaínos, que ainda celebravam o seu golo quando o Vilarense assinou o 3-1.
O resultado ficou escrito logo ali, mas o Vasco da Gama teve uma ocasião soberana para mudar o rumo dos acontecimentos, num período crucial. Na compensação da 1.ª parte, Miguel Reis desperdiçou o 3-2… em cima da linha de golo, num daqueles lances dignos de Youtube, que acontece aos melhores e não coloca em causa a exibição combativa do camisola 16 do Vasco da Gama.
Aquele 3-2 que não aconteceu, daria outro vigor ao Vasco e poderia fazer tremer o Vilarense. Mas o futebol não é feito de ‘ses’ e o resultado já não mexeu. O Vasco da Gama não conseguiu reagir na 2.ª parte, nem depois da vaga de apoio que recebeu dos seus adeptos na reentrada em campo.
O Vilarense soube gerir a vantagem e também não consentiu grandes facilidades a um Vasco da Gama que teve duas oportunidades dispersas ao longo da 2.ª parte, mas sem qualquer perigo efetivo.
Tiago Silva tentou de tudo, mas só conseguiu agitar minimamente a equipa com as entradas de Jacinto e Rafa, ambas aos 73 minutos. Colocados na asa direita, mexeram com o jogo, mas também não conseguiram resultados práticos.
Jacinto Pedro até poderia ter marcado a história do derby, aos 79 minutos, quando pegou na bola atrás do meio campo e andou, andou, andou… Entre levantar a cabeça para perceber qual o colega melhor colocado e perceber que tinha caminho livre para a baliza, Jacinto arrancou e quando deu por ela estava na cara de Tiago Motta. Talvez não tenha percebido e por isso preferiu assistir um companheiro em vez de tentar o golo. Uma pena.
As equipas abrandaram, o ritmo também. Só a chuva é que não. O duelo arrastou-se no (mau) tempo e no último minuto dos 7 de compensação, surgiu o derradeiro lance do jogo. Tiago Ramos assinalou penalty de Vicente sobre Sidnei e o Vilarense beneficiou de uma ocasião flagrante para celebrar o 4-1.
Já sem Sidnei em campo, Felipi atirou fortíssimo… mas Ricardo Henriques voou para (mais) uma defesa espantosa. O guarda-redes do Vasco da Gama é especialista neste tipo de lances e abriu 2023 tal como tinha fechado 2022: a defender outro penalty.
A vitória do Vilarense foi justa e inquestionável. Não que os azuis e brancos tenham sido assim tão superiores, antes porque souberam aproveitar as oportunidades que construíram e foram letais no aproveitamento de cada erro alheio. O Vasco da Gama não encontrou o caminho para a vitória e só pode queixar-se de si próprio.
Contrariando o aparente favoritismo dos visitantes, o Vilarense levou a melhor, vencendo e reduzindo o fosso em relação ao Vasco da Gama, que chegou ao Estádio do Operário com 8 pontos de avanço sobre este adversário e voltou a Boleiros-Maxieira com “apenas” 5.
Apesar da derrota, o Vasco da Gama continua no 2.º lugar. É verdade que perdeu a oportunidade de ficar a 1 pontinho do líder Riachense, mas terá na próxima ronda a oportunidade ideal para encurtar distâncias, uma vez que recebe a formação torrejana.
O Vilarense sai do Derby de Ourém com estatuto reforçado: além da subida ao 5.º lugar, segue a 3 pontos do 3.º posto, o último com acesso garantido à próxima fase. Domingo, há mais um duelo decisivo: a turma de Miguel Pinto vai ao Pego, sabendo que um triunfo pode representar a estocada final nas aspirações deste concorrente direto.