Quatro golos sem resposta. O Vale Travesso foi ganhar ao Caneiro, surpreendendo a Juventude Ouriense, sobretudo pela expressividade do marcador. Em declarações exclusivas ao Derby, Sérgio Pinto, treinador dos azuis, tinha alertado para a “intensidade e imprevisibilidade” de um duelo entre “duas equipas com fome de ganhar”. Na mouche…
Num derby intenso e imprevisível, o Vale Travesso encheu a barriga e a Juventude prolongou o jejum.
Pedro Simões abriu o marcador com um golo na ponta final da 1.ª parte, levando os visitantes em festa para o intervalo. A Juventude abriu e o adversário aproveitou cada brecha para dilatar a vantagem.
Sólido na defesa e letal no ataque, o Vale Travesso cavou o fosso em menos de um minuto: Pedro Ruas fez o 2-0 e Pedro Simões voltou a marcar num espaço de segundos. Com 3-0 a seu favor, a turma de Bruno Santos fechou atrás, enquanto a de Sérgio Pinto apostou no 5×4, na tentativa de encostar o rival às cordas.
Tiro ao alvo
De volta à baliza do Vale Travesso, Diogo José esteve intransponível e mesmo quando nada podia fazer… foi salvo pela barra e pelo poste. Ricardo Reis acertou na trave; Vítor Hugo Gomes, já na pele de guarda-redes avançado, driblou meia equipa contrária e disparou ao pau, antes do guardião rival segurar a redondinha sobre a linha.
Com um mal nunca vem só, a Juventude ainda viu o 4-0 sobrevoar mais de meio campo até entrar no marcador: Luís Marto transformou uma bola perdida num balão perfeitamente pendurado nas redes azuis.
A Juventude nunca baixou os braços e voltou a acertar na trave, desta vez por Rooney, que disparou a 10 metros e fez explodir um míssil no travessão, minutos depois de o Vale Travesso ter visto o 5-0 embater com igual estrondo no poste dos azuis.
Fúria em delírio
O resultado já não mexeu e a festa foi aurinegra. E que festa! Comunhão perfeita entre dirigentes, treinadores, jogadores e adeptos envolvidos numa Fúria sadia. A claque da Associação Cultural e Desportiva de Vale Travesso celebrou a preceito esta vitória num derby e logo em plena casa dos vizinhos, num justo prémio para quem tem sabido dar sempre o exemplo de fair play por esses pavilhões do distrito, independentemente do resultado final de cada jogo.
Água na fervura
Derby que é derby mexe com as emoções dentro e fora da quadra. E este não foi exceção, naturalmente. O duelo foi rasgadinho, houve lesões a lamentar de parte a parte e até um mini sururu à sul-americana. Rooney, que trocou o Vale Travesso pela Juventude, pegou-se com Pedro Melo, a coisa ferveu, mas ninguém se queimou. Conversa para cá, conversa para lá, amigos como dantes.
Prémio e castigo
O resultado final premeia a resiliência do Vale Travesso, que não ganhava há 12 jornadas e chegou ao Caneiro com apenas um triunfo no bolso. Em boa verdade, há muito que a formação de Bruno Santos fazia por merecer tamanha alegria, faltando-lhe quase sempre uma pontinha de sorte para ser feliz.
Goleada em sua própria casa pelo conterrâneo de freguesia, a Juventude Ouriense sofreu um duro golpe, pela expressividade dos números, mas sobretudo pelas incidências que envolveram um derby em que a turma de Sérgio Pinto foi claramente condicionada pelas ausências de Gonçalo Pereira, Nuninho e Samu, estes dois últimos lesionados no rescaldo da derrota no reduto da Casa do Benfica da Golegã ‘B’, 48 horas antes do derby com o Vale Travesso, que chegou ao Caneiro mais soltinho por ter folgado na primeira das duas jornadas previstas para os dias 23 e 25.
Até os árbitros eram nossos!
Quem ganha pouco se importa, quem perde muito reclama. No final de contas, Tomé Pereira e Cláudio Bica honraram o derby, provando que em Ourém também há bons árbitros de futsal. Mas nem precisavam de provar o que quer que fosse, ou não estivéssemos a escrever sobre dois juízes experientes e habituados a patamares superiores.