Ferreira do Zêzere, 13 de maio de 2023. Final da Taça Distrital. GRUDER vs Vitória de Santarém. Falta menos de meio minuto para o intervalo, os oureenses vencem por 1-0, mas sofrem um contratempo capaz de colocar em causa a superioridade demonstrada nos 20 minutos anteriores.
“O Vitória só criou perigo evidente no último minuto da 1.ª parte. E aí sim, foi a doer. Que o diga Miguel Antunes. Faltavam 24 segundos quando Jota fuzilou o guardião oureense, que evitou o empate sacrificando as partes baixas, numa daquelas intervenções que garantem títulos… mas colocam em causa gerações vindouras.
Mal refeito, Miguel voltou a sofrer: a quatro segundos da buzina, o guarda-redes foi ao chão meter as mãos e a cabeça onde Bernardo Garcia impôs o pé. Resultado? Nariz lavado em sangue mas GRUDER na frente do marcador”.
Assim relatámos um dos momentos-chave deste jogo, na Crónica Derby, lembrando também o papel decisivo de um adversário para a recuperação do guarda-redes do GRUDER. Pedro Malaca, enfermeiro do Vitória de Santarém, não hesitou em acudir Miguel Antunes.
Juntamente com Luís Carlos Gomes, diretor dos oureenses, fizeram de tudo para minimizar o sofrimento do jogador, estancar o sangue e garantir o seu bem-estar. A atitude de Pedro Malaca mereceu ovação de pé por parte dos adeptos, mas escapou à ‘ação disciplinar’ da equipa de arbitragem.
Com tanto Cartão Branco distribuído avulso por esses campos fora, só teria ficado bem a atribuição de um exemplar do género a Pedro Malaca.
Se o enfermeiro do Vitória foi amigo do GRUDER, o mesmo não se pode dizer dos Bombeiros Voluntários locais. Priorizando a segurança do homem em detrimento da importância do atleta, logo aconselharam Miguel Antunes a abandonar o jogo, sob pena de agravar a lesão no nariz.
Só que o guarda-redes estava irredutível. Recusou abandonar a equipa e garantiu estar em condições de continuar na baliza, surpreendendo tudo e todos quando voltou para a 2.ª parte, expressando uma atitude em linha com o carácter desta formação oureense.
“Acho que não fiz nada de mais. A maior parte dos meus companheiros teria feito o que eu fiz”, garante Miguel Antunes, em declarações exclusivas ao Derby, assumindo a recusa em abandonar a final antes do tempo: “Os bombeiros queriam levar-me dali ao intervalo… Só se eu estivesse inconsciente!”
Apesar do acto heroico, Miguel Antunes recusa qualquer tipo de protagonismo individual. Pelo contrário, o guardião elogia a ação dos companheiros e só lamenta que a equipa não tenha conseguido exibir-se a este nível noutros jogos do campeonato.
“Esta final foi dos jogos mais fáceis que tive. Fiz duas ou três defesas… A equipa ajudou muito, tirou muitas bolas. Foi dos melhores jogos que vi os meus colegas fazerem, defensivamente falando. Se fosse sempre assim, éramos campeões…”
Praticamente uma semana depois da grande conquista, Miguel Antunes garante ao Derby que “o inchaço passou” mas “a dor continua”. Nada que se compare ao sentimento do dever cumprido e à felicidade de ter conquistado (mais) um troféu pelo GRUDER.