Clube Desportivo Vilarense e Centro de Cultura e Desporto de Caxarias desceram ao relvado do Estádio do Operário, conscientes da importância deste Derby de Ourém para as contas finais da Série B, nomeadamente no que toca aos lugares de acesso à liguilha que vai definir os clubes promovidos à 1.ª Divisão Distrital.
Com o Vilarense (muito) mais atrasado na luta pelos lugares de acesso à próxima fase, o Caxarias entrou em campo consciente de que só a vitória interessava, sobretudo tendo em conta o embate entre Vasco da Gama e Tramagal e a possibilidade de recuperar pontos em relação a um destes concorrentes diretos (ou mesmo aos dois, em caso de empate).
Os visitantes entraram melhor, de facto, embora os anfitriães tenham sido a primeira equipa a cheirar o golo: Kaká cobrou um livre em jeito de cruzamento/remate, mas Francisco Ferreira não se deixou surpreender. O guardião evitou o golo, desviando a bola junto à trave, quando o relógio marcava 6 minutos.
O Caxarias respondeu no minuto seguinte, construindo a sua primeira oportunidade à boleia de um ataque rápido sobre a esquerda: cruzamento para a área, Dudu a parar no peito e Verdasca a rematar contra o corpo de João Jorge.
Lucas também esteve perto do golo (12’), mas foi João Verdasca que abriu o ativo, aos 18 minutos, aproveitando uma bola perdida para atirar a contar.
O Caxarias continuou por cima e quase ampliou aos 23 minutos, valendo uma intervenção de luxo do guardião Tiago Motta, a desviar uma cabeçada de Fábio Martins, na sequência de um livre apontado por Lucas.
O Vilarense só conseguia responder com objetividade através de lances de bola parada. E foi assim que nasceu um momento-chave: na marcação de um livre direto, Rigoleto forçou Francisco Ferreira a nova intervenção apertada, obrigando o guarda-redes a defesa de recurso… que o deixou sem condições para continuar em campo. Chico embateu com violência no poste direito e saiu em maca, com o Caxarias em vantagem e a baliza em segurança.
Os cinco minutos que distaram entre a interrupção do jogo e a entrada de Fábio Rocha, foi suficiente para acalmar o jogo. O Vilarense perdeu ímpeto e o Caxarias foi gerindo a vantagem sem perder de vista a baliza rival. Aliás, os visitantes celebraram o 2-0 mas aquele que seria o segundo golo de Verdasca, acabou anulado por fora-de-jogo.
Foi aos 44 minutos, mas não foi o último lance digno de registo na 1.ª parte. Esse, aconteceu aos 45’+1, quando Felipi Rigoleto escapou à defesa contrária, antecipando-se a Rocha para desviar a bola e ver o empate beijar… a base do poste esquerdo da baliza do Caxarias.
Ao intervalo, o empate premiava a melhor entrada em campo do Caxarias, ao mesmo tempo que castigava um certo alheamento da formação do Vilarense. Em boa verdade, pouco faria prever a mudança drástica de uma parte para a outra, embora os azuis e brancos tenham fechado a 1.ª parte com uma bola no poste e a promessa de lavar a cara no segundo tempo.
Consciente do perigo, Telmo Ferreira deixou na cabine Luís Lopes, lateral esquerdo amarelado desde os 5 minutos, e um dos três jogadores do Caxarias com cartão amarelo até ao momento. Breno Luiz foi a jogo, com Lucas a fechar o flanco.
Em contraponto com a atitude da 1.ª parte, o Vilarense regressou ao relvado mais desinibido e só precisou de 5 minutos para empatar o derby: Hugo Costa recebeu um passe longo com conta peso e medida, com à vontade suficiente para fuzilar Fábio Rocha.
Com o empate acabadinho de selar, Miguel Pinto procurou ir mais além. O treinador do Vilarense tirou Guilherme Fonseca e João Jorge para lançar André Santos e Tomás Nunes, aos 52 minutos. E não demorou a colher frutos…
A cambalhota chegou pouco depois, aos 58’, novamente na sequência de (mais) um ataque rápido pela esquerda. Rigoleto Júnior não deixou a bola sair junto à linha, fletiu para o centro e assistiu Tomás Nunes, que fugiu à marcação para fazer o 2-1.
Telmo Ferreira reagiu de imediato. Menos capacidade defensiva, mais poder ofensivo: saíram Manecas e Hugo Marques, para entrar Ricardo Évora e Vítor Félix. A dupla substituição rendeu maior dinamismo à equipa e o Caxarias quase empatou aos 67 minutos: na sequência de um canto à esquerda, Verdasca perdeu o 2-2 por uma unha negra, falhando o cabeceamento ao 2.º poste.
Sem conseguir marcar, o Caxarias mergulhou num estado de ansiedade que acabou por lhe ser prejudicial, com a equipa a perder o foco em protestos perante cada decisão da equipa de arbitragem.
Confortável com a vantagem, o Vilarense nunca deixou de procurar o golo, tendo nos Rigoleto a principal referência de ataque. Sidnei e Felipi mantiveram a defesa do Caxarias em sobreaviso e foi precisamente da pressão vilarense que surgiu um erro fatal.
Na sequência de um passe atrasado, Fábio Rocha parou a bola, mas hesitou em despachá-la. Sidnei Rigoleto não perdoou e deixou o guarda-redes em maus lençóis: 3-1 para o Vilarense, aos 75 minutos.
Havia ainda um quarto de hora para jogar, mais 6 minutos de compensação, mas o jogo arrastou-se sem grandes oportunidades, com duas exceções num só lance, ambas para o Caxarias: aos 45’+4 Ricardo Évora disparou de longe, mas Tiago Motta voou para (mais) uma intervenção decisiva. O guarda-redes defendeu o remate e também a recarga, oferecendo o corpo à tentativa de Fábio Martins.
Este Derby de Ourém terminou pouco depois, com algumas garantias em relação às contas finais da Série B: apesar da vitória, o Vilarense continua com caminho (muito) difícil (se não mesmo impossível) para chegar ao 3.º lugar; o Caxarias perdeu a oportunidade de beneficiar da derrota do Vasco da Gama para subir ao pódio; não obstante, o emblema da Chã continua a 2 pontos do objetivo. Está difícil, mas (ainda) não é impossível, portanto.