Quem tem um ponta de lança com golo da cabeça aos pés, tem tudo. Diogo Gameiro foi o grande protagonista do Derby de Ourém, revelando-se absolutamente decisivo na vitória do Clube Atlético Ouriense em casa do Centro Desportivo de Fátima.
A turma de Pedro Gil Vieira foi ganhar a casa da formação de Mário Nélson, numa vitória justa, mas bem mais difícil do que o resultado possa sugerir. Mais experiente, mais eficaz e melhor preparada para um derby desta dimensão, a equipa do Atlético superou um Fátima irreverente, corajoso, mas inexperiente e sem sangue frio para morder o adversário no momento certo.
Celebração… precoce
Ainda muitos adeptos procuravam lugar de estacionamento e já os visitantes lamentavam duas oportunidades desperdiçadas nos minutos iniciais. Dylan teve o golo no pé, mas Duarte Conceição desviou para canto. Na sequência, Tico subiu mais alto e disparou de cabeça, valendo Filipe Gabriel a estancar a bola sobre a linha.
Jovens mas irreverentes
Apesar do susto, o Fátima não se encolheu e também criou oportunidades: lançado na profundidade, Rafael Reis ganhou as costas da defesa rival e só não marcou porque Palaio fez de líbero e sacou-lhe a bola no limite.
Estavam decorridos apenas 5 minutos e o Fátima só precisaria de mais 7 para voltar a colocar o Atlético em sentido: esquecido na pequena área, Rafael Reis teve tudo para empatar… mas fechou os olhos e atirou ao lado.
O Atlético controlava e também assustava. O relógio marcava 14 minutos quando o capitão Dino despejou um livre para o interior da área e o central Bernardo Martins cabeceou ao lado.
Francisco salva…
Quatro minutos depois, Diogo Gameiro surpreendeu defesa rival ao reaproveitar uma boa aparentemente perdida. De costas para a baliza e de ângulo apertado, rematou à meia volta, apanhando Francisco Silva em contrapé, mas não totalmente desprevenido, naquela que foi a primeira de várias intervenções de calibre assinadas pelo guardião fatimense.
… Palaio complica
Pior esteve Palaio, lá do outro lado, dois minutos depois. Também numa jogada morta, o guarda-redes meteu água e a bola andou ali a rondar a linha de golo sem que nenhum jogador da casa aparecesse para ser feliz. Um lance infeliz que não belisca uma exibição segura de um guarda-redes com presença e autoridade.
Lucas liga a mota, Gameiro mete gasolina
Aos 22 minutos, o primeiro momento de festa. Lucas soltou os cavalos sobre a direita, fez gato-sapato da defesa contrário e meteu o golo nos pés de Gameiro. O goleador não se fez rogado e atirou a contar pela primeira vez.
Polémica na área
Dois minutos depois e com o Fátima ainda atarantado pelo 1-0, Dylan ganhou espaço na quina direita da pequena área e tentou a sorte. Atento, Filipe Gabriel deslizou para fechar o ângulo e cortou a bola junto ao poste direito. O Atlético pediu penalty por mão na bola, mas o experiente Hugo Silva não foi da mesma opinião. Análise Derby: a bola vai ao braço do fatimense quando este está deitado no chão, de costas para a bola e com o braço encostado ao corpo. Boa decisão do árbitro, mesmo sem VAR 😉
São Francisco nas alturas
Aos 26 minutos, mais um pontapé de livre para o Atlético, mais uma oportunidade soberana. Dino coloca com conta peso e medida na cabeça de Tico, que desfere uma cabeçada certeira para um golo de belo efeito… que só o seria se o guarda-redes rival fosse outro. Felino, Francisco Silva voou para uma das melhores defesas da temporada, negando o 2-0 aos visitantes com uma intervenção verdadeiramente divina.
Meteram gelo
Depois de uma primeira meia hora frenética, as equipas meteram gelo no jogo e este caiu de ritmo, registando-se apenas mais um lance de perigo, mas nem tanto: aos 45 minutos, Dino atirou muito acima da trave, concluindo mal uma boa jogada de entendimento entre Lucas e Dylan.
Intervalo
O Atlético Ouriense foi em vantagem para o descanso, depois de ter concretizado uma das muitas oportunidades para ser feliz. Apesar da boa réplica, o Fátima não conseguiu equilibrar o duelo no primeiro tempo e só entrou vivo na 2.ª parte graças à qualidade do seu guarda-redes.
Arranca a 2.ª parte e o primeiro lance de perigo é do Fátima, que se envolve no ataque aos 55 minutos e só não empata porque Bernardo Martins está atento e corta para canto.
Russo agitador
Aos 54 minutos, Mário Nélson trocou Filipe Matos por Lucas Russo e o camisola 19 do Fátima depressa mostrou ao que vinha. Mais rápido do que os rivais, apareceu solto na cara de Palaio e só não marcou porque o guarda-redes foi rápido a sair da área para eliminar o perigo. Estava dado o aviso…
Mais cabeça
O Fátima está mais balanceado na frente, mas o Atlético não perde o Norte… e amplia a vantagem, aos 62 minutos. Tomás Silva avança sobre a direita, ganha a linha e cruza para a cabeça de Diogo Gameiro, que atirou colocado para o fundo das redes.
Apesar do golpe, o Fátima não atira a toalha ao chão e só não reduz no minuto seguinte porque, porque… Livre para o interior da área e bola a passear sobre a linha sem que nenhum fatimense se chegue à frente para reduzir.
Toma lá, dá cá
Aos 38 minutos, Diogo Gameiro tem o hat-trick nos pés… mas atira ao lado com boa dose de escândalo.
Na sequência, o Fátima vai em frente e lança a confusão na área do Atlético. O pânico é tanto que Dino atira ao poste para evitar o canto. Não terá sido essa a intenção do capitão do Atlético mas a verdade é que o alívio quase deu autogolo e o resultado não foi melhor: depois de embater com violência na base do poste esquerdo de Palaio, a bola caiu redonda no pé direito de Francisco Branco, que atirou a contar.
Quem não mata… morre
Com 5 minutos (e os pozinhos da compensação) para jogar, o Fátima atirou-se à igualdade de cabeça e podia ter feito o 2-2 um minuto depois do 2-1. Mas não fez… Perdeu-se uma oportunidade soberana na cara de Palaio e o Atlético ganhou o jogo logo ali.
Diogo Gameiro confirmou a vitória aos 90 minutos, atirando a contar uma bola que ainda desviou em Duarte Conceição. A Associação de Futebol de Santarém registou autogolo por indicação da equipa de arbitragem, mas a bola de Gameiro levava destino de golo.
Apito final
O Atlético voltou a ganhar, duas jornadas depois, e passou a somar mais 10 pontos em relação ao Fátima. A formação de Pedro Gil Vieira continua a destacar-se pela positiva, demonstrando que é possível ser feliz… com pouco dinheiro e muito trabalho.
Em Fátima, intensifica-se uma crise que acaba por ser natural face ao contexto: equipa com qualidade, mas demasiado inexperiente. Sem vencer em casa, com apenas duas vitórias em 10 jornadas, os grenás seguem abaixo da linha de água. Ainda assim, o cenário não espelha a qualidade do plantel e do treinador. Pelo futebol demonstrado na maioria dos jogos realizados, os fatimenses mereciam outra pontuação e já provaram que podem estar vários níveis acima. É dar tempo ao tempo.