
Foi preciso esperar 8 minutos, mas valeu a pena. Depois de um início frio, o Derby de Ourém entrou em ebulição com três oportunidades separadas por segundos. Duas para o Vale Travesso, uma para o Cercal: Ricardo Ramos disparou contra Sousa e Pedro Ruas atirou ao lado, antes de Pedro Lopes ficar a centímetros de adiantar os visitantes.
Motivado pelos dois golos ao Juventude Ouriense, Zé Roda andou perto de voltar a marcar, mas também atirou ao lado no minuto 9. Com duas oportunidades para cada lado, o duelo acalmou… por pouco tempo. Pedro Ruas abriu uma brecha na defesa do Cercal e disparou cruzado e sem hipótese de defesa: 1-0 aos 11 minutos.
Em desvantagem pela primeira vez, o Cercal lançou-se na frente, mas Alexis voou para negar o empate a Luís Ferreira, num pontapé de moinho sem deixar a bola cair no chão. Intenso, o duelo já estava em modo de parada e resposta, quando João Antunes ampliou a vantagem do Vale Travesso.
Corria o minuto 16, mas o Cercal não tardou a reagir: André Filipe marcou aos 17 e por muito pouco não empatou aos 18.
Com maior ou menor dificuldade, o Vale Travesso segurou a vantagem e até esteve perto de voltar a marcar, dois minutos depois: João Antunes escapou a Rui Pereira, tirou Sousa do caminho… mas atirou ao lado, já sem o guarda-redes na baliza mas ainda com o treinador/jogador dos rivais a estorvar-lhe a ação.
O Cercal acusou o toque e assumiu o jogo, tomando conta das incidências até ao intervalo. Só entre os 30 e os 35 minutos, criou quatro oportunidades flagrantes, mas nunca foi feliz: Zé Roda atirou contra Pedro Melo… sem Alexis na baliza (30’); Rui Pereira colocou o empate nos pés do mesmo Zé Roda, mas o desvio saiu sem precisão (32’); Diogo Sousa também rasou o 2-2 (35+1); e quando o Cercal beneficiou da 6.ª falta dos rivais, Pedro Lopes atirou o livre direto por cima da trave.
O 2-1 ao intervalo, premiava a resiliência do Vale Travesso, na mesma medida em que penalizava a ineficácia do Cercal. Rui Pereira e Bruno Santos reviram a estratégia durante o descanso, esperando uma reação cabal da equipa, à imagem do que acontecera no Derby de Ourém com o Juventude Ouriense, quando o Cercal foi para a cabine a perder por 4-1 mas voltou a tempo de empatar… e quase ganhar.
O Cercal entrou na 2.ª parte decidido a copiar a receita e até beneficiou de duas oportunidades para empatar: intrometendo-se entre dois rivais, Zé Roda aproveitou a hesitação alheia e disparou forte mas por cima (40’); Rui Pereira viu Alexis negar-lhe o golo, antes de André Filipe atirar à malha lateral (42’).
O Vale Travesso reagiu, por Pedro Simões, mas Sousa voou para a defesa da noite, impedindo o 3-1… por pouco tempo. Um minuto depois, Alexis intercetou um ataque contrário e lançou a ofensiva da casa. Saindo da área com a bola nos pés, criou desequilibrio suficiente para estender a passadeira a Tiaguinho, que surpreendeu Sousa com um remate fortíssimo, levando a bola a entrar no ângulo inferior direito da baliza visitante.
Corria o minuto 46 e o Vale Travesso só precisou de mais 2 para cimentar a vantagem: Pedro Simões evoluiu sobre a direita e desferiu um remate cruzado, levando o 4-1 a entrar pelo mesmo ‘buraco’ de onde nascera o 3-1.
Com o Cercal completamente balanceado na frente e o Vale Travesso a aproveitar todas as oportunidades para semear o pânico na área contrária, o jogo partiu de vez. Sousa evitou o 5-1 aos 56 minutos e Alexis também brilhou na outra baliza.
O guarda-redes do Vale Travesso foi decisivo a suster as ameças do Cercal, com duas defesas no minuto 57: primeiro, negou o golo a André Filipe; depois, fechou a baliza a Renato. Zé Roda foi o último a levar o perigo à área aurinegra, mas quando se enquadrou com o alvo, atrapalhou-se com a bola e não conseguiu rematar (60’).
Implacável e eficaz como nunca, o Vale Travesso abriu a mão-cheia aos 62 minutos, quando João Antunes sentou Sousa e atirou a contar, para delírio da Fúria VT e de mais umas boas dezenas de adeptos da Associação de Cultura e Desporto.
A perder por 5-1, o Cercal avançou pela primeira vez para o 5×4, mas nem assim conseguiu reduzir. Pelo contrário, foi a jogar com guarda-redes avançado que escancarou a porta a mais dois golos do Vale Travesso.
João Antunes fechou o hat-trick em grande estilo: aos 66 minutos, resistindo à tentação de atirar um balão para a baliza deserta, driblou Rui Pereira e desfilou para o 6-1, rematando com a violência de quem sacode a frustração de semanas e semanas a trabalhar sem uma vitória para aquecer.
Duramente castigado no resultado, o Cercal continuou lançado na frente, mas Luís Marto conseguiu negar o golo dos visitantes, em cima da linha. Foi a última oportunidade para o Cercal e também a derradeira ação do camisola 14 do Vale Travesso: na sequência deste lance, foi sancionado com cartão amarelo por protestar a decisão de João Vicente Simões, sendo expulso com vermelho direto por não se conter no diálogo com o árbitro.
Mesmo em inferioridade, o Vale Travesso conseguiu aumentar a vantagem, em cima do último apito, ainda que o lance que resultou no 7-1 merecesse melhor análise da arbitragem, uma vez que Ruas ficou com caminho livre para marcar depois de cometer falta sobre Renato Baptista.
O lance não belisca a justiça do resultado nem a boa arbitragem de João Vicente Simões e Nuno Filipe Ferreira, mas foi mais um prego na cruz dos visitantes, que tentaram de tudo para reduzir a desvantagem. Pior: não só não o conseguiram, como foram sofrendo golos a cada tentativa de os marcar.
A Associação de Cultura e Desporto de Vale Travesso celebrou a primeira vitória da temporada. Foi à 10.ª jornada, mas já é a segunda consecutiva sem perder. Melhor: estes oureenses nunca tinham feito tantos golos num só jogo, pelo que este é o maior triunfo de sempre (ou desde que a equipa foi reativada, pelo menos).
Em contraponto, o Centro Desportivo Social Cultural de Cercal, Vales e Ninho quebrou a melhor fase da época, com esta derrota após três triunfos e um empate.