
Nota prévia: quando o Centro Desportivo de Fátima encenou a fuga para a vitória, não eram só Os Águias que estavam a dormir. A reportagem do Derby também já estava a arrumar a mala, mas sempre deu para imortalizar a imagem: Afonso Pereira, mais rápido que o guardião rival, mete a bola lá dentro e desenha a euforia em tons grená.
O Fátima prolongou a melhor série da temporada, ao vencer Os Águias, na jornada 17 do Campeonato Distrital da 1.ª Divisão. A formação de Alpiarça andou por cima, na 1.ª parte, chegando ao golo aos 41 minutos, por Rui Simões, na conversão de um castigo máximo.
O intervalo colocou uma pedra sobre um período cinzento e a 2.ª parte ganhou cor logo aos 48 minutos, quando Afonso Pereira iludiu Diogo Sousa. O Fátima também não desperdiçou (mais) um penalty bem assinalado por Diogo Martinho, empatando as contas e relançando a incerteza quanto ao vencedor.

O duelo arrastou-se, andou quase sempre longe das balizas, com um remate aqui e outro ali, mas nada que assustasse verdadeiramente os dois guardiões de serviço.
O minuto 74 revolucionou o desafio: Atela recebeu ordem de expulsão, por duplo amarelo, levando Os Águias ao desespero perante a decisão. Jogadores, treinadores, dirigentes e adeptos visitantes reclamaram perante a dualidade de critérios evidenciada pelo árbitro. Com razão, mas não toda: é verdade que houve amarelos por mostrar a jogadores do Fátima, mas esta expulsão era inevitável, tal foi a dureza da carga cometida.

Reduzidos a dez elementos, Os Águias entregaram definitivamente o comando das operações… mas até beneficiaram de uma grande oportunidade para ganhar. Foi ao minuto 82 e só não aconteceu porque Francisco Silva voou para desviar um cruzamento/remate com selo de golo.
O Fátima nunca atirou a toalha ao chão e andou perto do golo em duas ocasiões: num cabeceamento de Marcelo à figura do guarda-redes (90’); e num remate de Alexandre Santos para mais uma bela intervenção de Diogo Sousa (90’+4).
E essa foi a chave do jogo. Diogo Sousa não segurou à primeira, Afonso foi à procura da recarga e o guarda-redes ficou a reclamar um toque maldoso do capitão fatimense. A mini confusão queimou 2 dos últimos 6 minutos da compensação. E quando Diogo Sousa aviou a bola para o meio-campo, toda a gente meteu na cabeça que Diogo Martinho ia dar o jogo por concluído. Derby, incluído.

Toda a gente menos, ponto e virgula. Marcelo e Afonso estavam de olho aberto. O médio ganhou nas alturas e isolou o avançado, que voou mais rápido do que todos Os Águias e selou a vitória para delírio dos adeptos, a poucos dias da celebração do 56.º aniversário do clube (amanhã, dia 24, há bolo).
Dois a um no placard, bola ao meio campo e (agora sim) apito final. Tempo para um desaguisado entre os treinadores, que levou mesmo à expulsão de Mário Nélson e Jorge Peralta, mas que logo ficou sanado graças à pronta intervenção dos jogadores de ambas as equipas, que fizeram questão de se saudarem uns aos outros em plena Cidade da Paz.
O Centro Desportivo de Fátima chegou aos 20 pontos, apanhando Os Águias e igualando o Atlético Ouriense, que empatou em Mação e perdeu os últimos 2 pontos de vantagem que tinha sobre os vizinhos.




