O capitão Emanuel Lopes nunca perdeu a postura, questionando sempre a equipa de arbitragem com a elevação que o caracteriza. Um exemplo a seguir por todos os agentes desportivos, dentro e fora de campo

O Vasco da Gama derrotou o Centro de Cultura e Desporto de Caxarias, num Derby de Ourém a contar para a 12.ª jornada, a primeira da 2.ª volta.

A turma de Boleiros-Maxieira ampliou para 7 os pontos de vantagem sobre os vizinhos, mas a formação da Chã continua a apenas 1 ponto da zona de acesso à luta pela subida.

O Vasco da Gama marcou a abrir (6′) e a fechar (90′), num jogo marcado pelas críticas dos visitantes ao trabalho da equipa de arbitragem liderada por Daniela Ferreira.

O descontentamento começou cedo e teve origem na forma como os vascaínos descobriram o caminho para o golo: nada a dizer sobre a assistência sublime de André Pereira para o cabeceamento certeiro do central Pedro Gil, mas a falta que deu origem ao 1-0, deixou os jogadores do Caxarias muito insatisfeitos, por entenderem que Mauro Valente cortou a bola com o pé, antes de esta resvalar para um braço encostado ao corpo. Casual e inevitável, na opinião dos visitantes.

Estavam decorridos 6 minutos quando o Vasco da Gama se colocou na frente e o Caxarias poderia ter empatado aos 11’, se o cabeceamento de João Verdasca levasse melhor direção. A turma de Telmo Ferreira nunca baixou os braços e andou perto do empate, três minutos depois: num livre descaído sobre a esquerda do ataque visitante, todos esperavam um cruzamento para a área, mas Breno Luiz atirou tenso, levando a bola a passar pouco acima da trave da baliza de Ricardo Henriques.

Muito disputado a meio campo, o duelo andou longo das balizas e quando lá chegou, encontrou nos guarda-redes obstáculos intransponíveis. Que o diga o Vasco da Gama, que desperdiçou duas ocasiões flagrantes num par de minutos (21’ e 23’).

Em boa verdade, desperdiçar nem é o verbo correto. Afonso Reis foi o protagonista nos dois lances, mas não conseguiu ser feliz, sobretudo devido à ação dos adversários. Na primeira das duas oportunidades, Afonso aproveitou um corte ineficaz de Luís Lopes para roubar a bola ao defensor do Caxarias. E só não festejou o 2-0 porque Francisco Ferreira sacou uma mancha perfeita e travou a bola com o pé direito.

Dois minutos depois, Miguel Santos ganhou o corredor direito, entrou na área e atrasou para Afonso Reis que voltou a ver um adversário travar-lhe o regresso aos golos. Rudy Graça, lateral direito do Caxarias, travou a bola em cima da linha e manteve o derby em aberto.

Os visitantes tentaram remar contra a maré, mas nem de penalty conseguiram empatar. Daniela Ferreira assinalou castigo máximo contra o Vasco da Gama, na sequência de uma saída de Ricardo Henriques aos pés de João Verdasca. O guardião atacou a bola com firmeza e saiu do lance com o esférico seguro entre mãos, mas a juíza vislumbrou uma alegada carga durante o movimento, deixando a turma da casa bastante insatisfeita perante a decisão.

Breno assumiu a conversão, mas Ricardo Henriques voou para a sua direita e confirmou o estatuto de especialista neste tipo de lances. Corria o minuto 40 quando o Caxarias desperdiçou este penalty e passados mais 5 houve outro lance polémico na área da casa.

João Verdasca tinha a bola controlada, mas acabou estatelado após a intervenção de Pedro Gil. Os visitantes reclamaram penalty, mas desta vez Daniela Ferreira nada assinalou. A oureense Maria Baptista, auxiliar (bem) colocada no enfiamento do lance, terá dado indicação negativa e a chefe de equipa mandou seguir.

O intervalo chegou pouco depois, após nova investida do Vasco da Gama na área do Caxarias, com o capitão Vicente a subir à área, numa bola parada, atirando ao lado da baliza visitante no último lance da 1.ª parte.

Telmo Ferreira aproveitou o descanso para lançar Dudu na ala direita. O Caxarias viria a beneficiar com esta alteração, mas foram do Vasco da Gama as primeiras oportunidades da 2.ª parte: Miguel Santos atirou ao lado (46′); Rui Miguel surgiu em boa posição, mas Francisco Ferreira voltou a encher a baliza (51′).

O Vasco da Gama tentava controlar o jogo e gerir a vantagem, mas o Caxarias começou a tirar partido da entrada de Dudu e esteve muito perto do empate, aos 59 minutos, graças a um lance que o ala direito ‘inventou’. Dudu roubou a bola a um rival, foi por ali a cima e assistiu Breno, que estendeu a passadeira do golo a Verdasca. O ponta de lança atirou para o empate, mas o central Samu estava em cima da linha e evitou o 1-1.

O derby começou a partir e as oportunidades foram-se sucedendo em ambas as áreas. Aos 70 minutos, Francisco Ferreira tornou a manter o Caxarias em jogo, voltando a fechar a porta a Afonso Reis, na sequência de um erro defensivo que deixou dois atacantes do Vasco na cara do guarda-redes contrário.

Sempre em busca do empate, o Caxarias lançou-se na frente e ganhou força com a entrada de Francisco Simões para o meio campo e de Piranhas para o ataque. Só que o Vasco da Gama nunca abdicou de atacar e não matou o jogo mais cedo porque Francisco Ferreira continuou ao seu nível e foi adiando o golo da tranquilidade. Aos 83 minutos, por exemplo, travou com sucesso a tentativa de David Anjos.

A luta intensificava-se com o adiantar da hora e o Caxarias acabou reduzido a dez elementos, após a expulsão de Mauro Valente, por duplo amarelo, aos 90 minutos.

A equipa de arbitragem concedeu 10 minutos de compensação e foi durante esse período que o Vasco da Gama meteu os 3 pontos no bolso. Na sequência de um lançamento longo, Francisco Ferreira foi à linha evitar a progressão de um adversário, cortando para fora. O Vasco da Gama foi rápido a reatar a partida: lançamento rápido de Rodrigo Reis para Vaz, que percebe o desposicionamento do guardião rival e despeja um cruzamento/remate para o interior da área, “obrigando” Rui Miguel a matar o jogo ao segundo poste.

O Caxarias não deitou a toalha ao chão, mas o golo pelo qual tanto trabalhou acabou negado… pela trave, aos 90’+10, na sequência de um remate violento de João Verdasca.

O Vasco da Gama venceu com justiça, embora o Caxarias tivesse lutado por outro desfecho mas com menor capacidade de discernimento. Os homens da casa marcaram cedo e souberam gerir sem abdicar de atacar, beneficiando, em alguns momentos, de uma certa desconcentração dos visitantes, a cada decisão mais ou menos aceitável da equipa de arbitragem. O Vasco criou (muitas) mais oportunidades e só não resolveu o problema mais cedo porque Francisco Ferreira esteve em grande na baliza do Caxarias (e quando não esteve, estava lá Rudy…).

O resultado deixa o Vasco da Gama numa posição ainda mais confortável. Agora com 7 pontos de avanço para o 4.º lugar, a turma de Tiago Silva tem toda a 2.ª volta para gerir ou mesmo ampliar a margem para se qualificar para o Apuramento de Campeão. Quanto ao Caxarias, segue no tal 4.º posto, mas com apenas 1 ponto de atraso em relação ao 3.º classificado. Ou seja, continua na luta pelo objetivo e com um dos lugares de apuramento perfeitamente ao seu alcance.

Este Derby de Ourém (também) foi pleno de emoção, dentro e fora do campo, com excessos de parte a parte ao longo de todo o desafio, mas sobretudo depois do apito final. Respeitando a nossa linha editorial, abstemo-nos de reportar mosquitos por cordas ou sururus à sul-americana.

Nota do Diretor:  Compreendemos que há jogadores, treinadores e dirigentes mais sensíveis que outros, ou mais ou menos habituados a lidar com a opinião inerente à crónica de um jogo. O nosso jornal não se move contra nada, nem ninguém. Pelo contrário, o Derby tem estima especial por TODOS os clubes e atletas de Ourém ou que representem o nosso Concelho em Portugal e no estrangeiro. Boas festas e um 2023 com menos nervo e mais desportivismo nos campos e pavilhões deste nosso Concelho de Ourém.

O trio de arbitragem complicou e os jogadores também não facilitaram. Daniela Ferreira e as auxiliares Maria Baptista e Beatriz Rosa foram expostas à dureza de um desporto que tem muito a trilhar no caminho para um meio onde a mulher seja respeitada, sobretudo enquanto tal. Ao Derby, apetecia perguntar se (alguns) adeptos, (alguns) treinadores, (alguns) jogadores e (alguns) dirigentes também se dirigem assim perante eventuais erros das respetivas mães, esposas, companheiras, namoradas ou filhas. Mas não perguntamos. Longe de nós querermos melindrar quem quer que seja.

 

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