

Quando Tiago Rodrigues atirou a contar logo aos 17 minutos, já o treinador Gonçalo Carvalho tinha sofrido com um novo revés: Alex Silva saira lesionado pouco antes, mas essa nem seria a única dor de cabeça do treinador fatimense.
Quatro minutos depois do golo inaugural, aquilo que parecia encaminhar-se para uma tarde tranquila e a sétima vitória consecutiva, começou a ruir na expulsão de Martim Santos. O jovem extremo fatimense atingiu Flávio Gonçalves a meio-campo e acabou punido com cartão vermelho direto.

O árbitro Paulo Fernandes preparava-se para sancionar Martim com cartão amarelo, mas acabou por cortar a direito e expulsar o jogador. Das duas, três: foi aconselhado por um dos árbitros assistentes? Foi embalado na gritaria e no pranto do jogador do Sertanense? Simplesmente pensou melhor no que viu e alterou a sua decisão?
Em boa verdade, só o juiz saberá responder. Sem recurso a vídeo-árbitro, cabe-lhe decidir no momento, merecendo, naturalmente, o benefício da dúvida. Só que esta decisão foi apenas a alavanca para um conjunto de juízos que acabaram por estragar o jogo.

Entre tantas dúvidas e equívocos, uma certeza clarinha como água: causou estranheza e indignação, o facto de o árbitro integrar os quadros da Associação de Futebol de Évora e de pertencer ao mesmo Alentejano que os adversários diretos do Fátima na luta pelo acesso à Fase de Subida.
Apesar de estar em vantagem, o Fátima viu-se reduzido a dez unidades. Pior: deixou-se amarrar na teia de nervos criada por cada decisão sentida em contrário. Sem culpas no cartório e a precisar de pontos como de pão para a boca, o Sertanense ganhou moral e reentrou numa discussão para a qual parecia arredado desde o golo de Tiago Rodrigues.
Em boa verdade, a superioridade numérica nunca se refletiu em controlo de jogo, posse de bola ou coisa que o valha. O Fátima conseguiu quase sempre disfarçar a inferioridade e até teve oportunidades para vencer o jogo.
O pior é que o Sertanense conseguiu mesmo empatar, na sequência de uma bola parada que encontrou Gonçalo Piçarra solto ao segundo poste. Esquecido pela marcação ou consequência da inferioridade numérica? Eis a questão.

Com nervos à flor da pele dentro e fora do campo, o jogo não terminou sem mais expulsões. Nuno Laranjeiro, diretor desportivo do Fátima, foi expulso do banco nos instantes finais. Pedro Natas, treinador-adjunto, já o tinha sido ainda antes do intervalo.
Com este empate, o Sertanense somou o quarto jogo consecutivo sem perder, mas segue ainda 6 pontos abaixo da linha de água. Quanto ao Fátima, quebrou a sequência de seis vitórias consecutivas mas já vai em 8 jornadas seguidas sem derrotas.

Os campeões de Santarém continuam no 3.º lugar da Série C do Campeonato de Portugal, agora 2 pontos atrás do Arronches e Benfica, que recebeu e venceu o Marinhense (1-0), isolando-se no 2.º posto. O Elvas segue destacadíssimo: ganhou ao União de Coimbra no Patalino (2-1) e leva agora 12 pontos de avanço em relação ao Fátima, tendo o apuramento praticamente garantido.
Apesar de não ter ganho, o Fátima pontuou. E isso significa que ganhou pontos a vários adversários. O Marinhense já vai a 9 pontos e o Peniche mantém-se a 4. Consulte aqui todos os resultados e as classificações do Campeonato de Portugal.

Na próxima jornada, o Centro Desportivo pode celebrar… a manutenção. Só precisa de ganhar em casa do Alverca B e que uma destas equipas não vença o seu jogo: Sporting de Pombal, Benfica e Castelo Branco e/ou Mortágua.
O que seria uma belíssima notícia em agosto, não passa agora de uma mera formalidade. Este Fátima é de nível nacional. E vai continuar no Campeonato de Portugal. Pelo menos…



